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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O poder do voto

O poder do voto
por Gilberto Paixão Reis

Já fui um entusiasta quanto a exercer o direito (?) de votar, mas assim como “já fui” já foi, tratar como direito o sufrágio também não procede, pois mesmo que não sejamos obrigados a votar em alguém, devido o artifício dos ‘brancos e nulos’, o que não é facultativo está mais para dever, ou obrigação propriamente dito. Mas que seja obrigatório. Antes uns e outros omissos, a deixar que poucos coloquem suas ambições à frente da maioria, ou alguém ainda acha, que os parlamentares que brigam pela lei do voto facultativo estão mesmo preocupados com o descanso nosso do enfadonho domingo de outubro? Bom, e digo também que obrigatório de fato não é, porque sendo lei sem coerção contundente, logo não surte efeito. Mas para a cultura nacional, até que esta questão de votar por medo de restrições funciona. Eu não voto, pronto, falei. Tenho outras formas mais interessantes de atuar minha civilidade. E antes a redução da maioridade penal que a “desobrigação” do voto.
E qual o porquê desta atitude? É que cansei de políticos e politicagem, alguns diriam: “mas nem todos são corruptos, imorais”, blábláblá. Eu estou completamente radical quanto a isso, para mim, todos são farinha do mesmo saco. Tomei uma antipatia sem precedentes por qualquer candidato a qual cargo for. Mas estive do outro lado, certa vez me candidatei e me elegeram vice-diretor de uma escola estadual na cidade de Mariana – MG, na qual eu lecionava biologia, os demais candidatos, com eram tradicionais na instituição, fizeram e suaram para embargar a posse, devido regulamentos que não vem ao caso, e apesar do deferimento da SRE, conseguiram, pois eu desisti de trabalhar em meio de tanta mediocridade. O diretor da época, se estiver lá, provavelmente está comendo o pão que o diabo amassou, o mesmo que queria dividir comigo. Um amigo certa vez me convidou para candidatar a vereador – “para preencher a chapa”-. Agora outro amigo é candidato a vice-prefeito em minha cidade natal, me pediu apoio, até ofereço meu apoio, moral, mas exijo o controle de uma secretaria insignificante qualquer. Na política é assim, toma lá dá cá. Mas como meu apoio de pouco a nada vale e não despenderei tempo e dinheiro para me deslocar até lá, posso esquecer a secretaria. E já falei que as chances da chapa dele são mínimas? Então registrem.
Mas vamos às críticas diretas. Até me agrada assistir o horário eleitoral gratuito, é tanta gente ridícula, despreparada e mal-intencionada que eu até acabo por sentir-me bem por ser eu mesmo. Dispondo de jargões, “jingles”, e slogans de causar náuseas, sofríveis, que qualquer estudante mediano de marketing ou publicidade se contorce ao assistir, os candidatos usam de uma criatividade de chorar e rir . E pelamordedeus, esse papo furado de jovens candidatos que a juventude, as novas idéias e afins que resolverão já cansaram, não colam mais, a juventude atual já deixou a desejar há muito. A maioria destes jovens são os primeiros a se corromperem. Os partidos de extrema esquerda, com suas idéias revolucionárias e milagrosas não passam de bicho-papão para adultos. É greve aqui, paralisação acolá. Meu negócio é trabalho, se bem remunerado, eu quero é serviço no lombo, principalmente no alheio. Pensam eles que dinheiro dá em árvores e que podem fazer e acontecer sem levar a economia à bancarrota. Temos políticos que não podem mas pensam que podem e políticos que podem mas não fazem, em suma. Em Belo Horizonte, se alguns candidatos tiverem a certeza do que podem e não podem, com o andar da carruagem, a eleição para prefeito ainda vai dar o que falar. Mas em se tratando de política, os palhaços sempre estão na arquibancada, então deixe o circo pegar fogo.
E falam e falam da democracia que envolve as eleições, mas eu não observo esta mesma democracia no horário político. O único fato relevante que observo é que: o partido que tem mais dinheiro e tradição tem mais tempo para discursar. A bem da verdade estou longe de saber quais são os critérios utilizados na distribuição do tempo entre os candidatos, e pouco me interessa, mas de qualquer forma, seguem uma norma ou lei, que para mim tende a não ser clara, se é clara não é justa, e se é justa decerto não me convencerá. Um dos candidatos da capital mineira está bufando por ter sido excluído de debates dos principais meios de comunicação. E digo: com razão. Para a mídia, político fraco é igual a filme do Godard, não dá ibope. E se der, só se for devido a um quebra-pau, o que raramente acontece atualmente. A mídia oculta a verdade em maioria das situações. “Candidato fulano de tal não comparece ao debate”. Mentira. O sujeito não foi convidado, decerto barrado, no mínimo. E tento imaginar de onde vem inspiração para apelidos e pseudônimos tão toscos, que favorecem quadrinhas tão toscas quanto. A utilização de melodias e músicas de celebridades do momento, favorece bandas e artistas sem futuro com jingles e suas letras bizarras. Se não me engano, plágio é tão crime quanto pirataria. Cadê o Ecad? Um sujeito que não tem menor noção de lei ou a ignora, não será escolhido por mim para criar novas. Amiguinhos de jogatinas, projetos particulares, politicagens já há muito esquecidos, agora se engalfinham no horário nobre. Todos os dias, vejo notícias de candidatos envolvidos com tráfico de drogas -as mesmas que prometem combater-, pedofilia e sedução de menores, corrupção e calote. Sabiam que o irmão, e também suspeito, daquele plantador de feijão que mandou assassinar fiscais do Ministério do Trabalho acabou sendo eleito prefeito de sua cidade? Sabiam mas esquecerem, não se preocupem, acontece. Pois é, esses sequazes sempre ganham eleições, e sempre esquecemos os podres deles. É por isso que amo o povo, a civilidade, a cidadania. Já ouvi de partidários divergentes se atracarem e um destes acabando por ser assassinado. Pior do que brigar por política, é brigar por futebol. Deus me livre! Eu até que gostaria de ser político, o troco é bom, o trabalho é pouco. Mas não suporto aparecer. E pior, não tenho apelido, e meu nome não serve para quadrinhas. Um colunista aqui de BH, em sua coluna num diário marrom, demonstrou que seu nome lhe renderia um bom slogan: B... por b... vote no Eduardo Costa.
Mas meu nome nem pra isso me serviu. Amém. Mas pensando bem, que tal: contra a corrupção, vote Gilberto Paixão. Credo! Que tosco! Nem eu acredito nesse slogan. Não terá jeito mesmo. Amém.
Ao ler este texto, alguém dirá que sou: um crítico radical, neoliberal, reacionário talvez, ignorante, ranzinza, até mesmo anti-social. Não sou nada disso completamente, talvez um pouco de algum destes, confiem. Mas confesso que ando estressado ultimamente, tão estressado, que acabaria por espancar uma urna eletrônica, simplesmente por ela emitir aquele sonoro irritante do botão CONFIRMA.


PS: como já disse, não votarei nesta eleição, não sei na próxima, mas não sigam meu exemplo, vão e votem, por mim, exijam seus direitos cívicos – e juro que não estou escarnecendo neste pós-, só façam esse grande favor para um cidadão que trabalha e estuda durante toda a semana, e que não está nem um pouco afim de pegar fila para simplesmente anular voto. .

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