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sábado, 3 de julho de 2010

Onde estão os Caras?

Sou professor, voltei a ser, depois de alguns anos tentando a sorte em outras profissões.
Não sou professor por formação, e sim por opção. Mas depois de tanto tempo sem postar, simplesmente por não ter tempo, por estar todos os dias cansado demais pra pensar em escrever algo, eu escrevo: cansei de querer mudar o mundo...
Tenho alunos com várias idades, e com toda sorte de situação social. Nunca antes havia me deixado desanimar com dificuldades, e espero que não seja agora que isso aconteça. Mas é triste ver o que a sociedade nos ofereçe, e o que estamos oferecendo ao mundo. Os bons estão se tornando minorias. E por enquanto, eu estou decepcionado...

domingo, 18 de outubro de 2009

Se...

Se...

Se o sol não nascesse hoje,
é certo que de luz se faz preciso.
Se hoje fosse dia de lua cheia
tanta lua não caberia...
nesse brilho...
nesse sorriso.
Esse jardim que lhe acompanha
tem um quê de paraíso.
Se você não fosse você
não sei de mim o que seria.

sexta-feira, 20 de março de 2009

não sou de ninguém...

Não sou de ninguém...

Ouvia-se dizer em remotos tempos que os opostos se atraem! Filosofia de adeptos dos magnetismos pascais? Provavelmente conclusões adolescentes em caderno de memórias de algum colegial.
Tenho lido muitos autores machistas – leia-se Sócrates, Nietzsche, São Tomas de Aquino e ,pasmo, Schopenhauer - que discursam ligeiramente - para não causar alarde - o quão (irrelevante?) é o papel da mulher no desenvolvimento psicoemocional do homem. De longe sou um machista declarado, embora defenda sim, meus interesses masculinos. Ultimamente não obtive qualquer crescimento emocional –pode-se ler felicidade – com a divisão de espaço e cumplicidade com o sexo oposto, e principalmente no que se diz a respeito das diferenças, ou seja, os opostos quanto mais se diferem, mais se repelem. E me repilo facilmente, sem muitas delongas.
Faz sentido buscar felicidade num campo minado? Um relacionamento com brigas constantes, enfadonhas e principalmente de teor (desimportante?), merece ser exterminado, não é mesmo? Bom, quando ainda há o desejo por dias melhores, confesso que não. Mas e a impotência, a desconfiança, a sensação de que a coisa ainda pode ficar mais feia, conta, e muito. Então, deixa a menina. Somente a mulher consegue tirar de mim a felicidade, aquela felicidadezinha vinda de não sei onde e que chegou em hora oportuna. Um homem, por mais que ofenda e engane não consegue tal feito, por que ao homem outro homem resguarda perdão, porque homem entende homem. Mulher não entende homem e vice-versa, e isso nada tem a ver com quântica, está mais para naturalismo.
Eu me acostumei a fracassar no que diz respeito a relacionamentos. Me acostumei a perder uma grande paixão ora para um nipo-brasileiro, ora para um professor de literatura, ou mesmo para um adolescente 10 anos mais novo que eu. Me acostumei a relacionamentos tão efêmeros quanto um orgasmo, e principalmente aos relacionamentos baseados unicamente em orgasmos. Apenas ainda não me acostumei a ver o barco afundar mesmo quando demonstro sentimento puro e verdadeiro e tento de tudo um pouco para que dê certo, não me acostumei a ouvir declarações sentimentalistas de outrem enquanto todas as ações propõem em final desacordo. E principalmente não me acostumei aos novos donos do mundo, aos orkutinianos, aos novos boçais, aos filhos do Google; aos novos heróis, sugadores de prazer, sem conflitos, sem afetos profundos, que acham que não precisam de ninguém, com um eterno sorriso alegre e congelado no rosto, confiantes que todos se aprisionam ao seu charme.
A característica mais marcante do ser humano é o egoísmo – que se difere do individualismo -, que facilmente é desconsiderado com algum trabalho voluntário de fim-de-semana. Tudo pela consciência tranqüila.
Mas o que mais incomoda é a incerteza, provavelmente mais uma a vez a decepção me tornará um amargurado sem limites, e quando eu conseguir me restaurar e sentir de novo a paz que se faz necessária, ja terei feito um bom estrago pelo caminho...

“Já sei namorar, já sei beijar de língua... Não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também...”

sábado, 28 de fevereiro de 2009

TEMPORAL



"Se pudesse voltar no tempo
já nao voltaria mais
não que goste desse estar e sofrer
é gostar de viver
é sentir na carne viva o ser
ser, ser sentimental, que se deixa sofrer
veias que transmitem sensações
sensações que transmitem amargor
amargor que nos leva a viver
tempo
estar lá, estar cá
parte de nosso tempo vivemos por viver
tempo nos quais vivemos por esperar
esperar o poder fazer, que se ofusca ao chegar.
tempo, intrigante que nos prende em um constante cotidiano
tempo das estrelas que em pouco tempo
se tornará tempo do sol
e novamente voltará a ser tempo das estrelas
tempo da estradas
que se põe a ser tempo de chegadas
tempo de vendavais que levam tempo
tempo que leva consigo os momentos
momentos que já não passam de lembranças
lembranças que sempre atormentam
Oh doce tormento!"

L. T.

domingo, 26 de outubro de 2008

O MAL NÃO CAUSA MAIS ESPANTO - G. P. Reis

O MAL NÃO CAUSA MAIS ESPANTO
Ao paraíso que vós esperais, porque a Terra é uma grande privada celestial.
Continuadamente faço críticas às convenções sociais contemporâneas. Repasso meus argumentos a poucos alguns, se todos lêem não sei, e se reflexionam, menos, mas o que me importa é o caminho, a reflexão, a intenção da idéias, pois tenho fé que não tardará a prática, a exposição do eu e do fazer, em deposição do outro e do observar.
Contemplamos no século passado de um impressionante avanço técnico científico, um salto milenar graças às guerras e exploração não sustentável, mas em revés, estatui dia após dia o detrimento social. Desde que tenho consciência de mim e do mundo, não somava tanta perversão humana quanto a que acomete na última década e prossegue. E não sou sequer de longe um apocalíptico, mas ser mal pelo visto é regra e bondade é exceção. A banalização da maldade é comum em discussão de muitos happy hours. Roubar, matar e etecetera diante às câmeras de segurança ou da Globo é cool, “de pagar pau”. Eu digo que é decadência. Estranhamente eu digo, relativamente aos criminosos atuais, com poucas exceções, os bandidos de 40 e mais anos atrás são dignos de respeito, porque respeitavam as comunidades, embora não deixassem de atentar contra ela. Entretanto, os fatos são outros, devido o domínio do crime pela juventude, e atualmente bandido não respeita, e seus atentados são cada vez mais vis, como que quanto maior a crueldade, maior a sensação de poder. Tenho uma profunda ojeriza por criminalidade e criminosos, independente do número e grau, e posso viver em uma sociedade tomada por eles? Sim, posso. Mas o que não posso é aceitar a desconstituição do Direito e da liberdade. A Carta dos Direitos Humanos fora escrita afim de proteger bandidos? Decerto que não, fora escrita para proteger cidadãos de bem para que estes não sofram abusos por parte dos criminosos. E como estatisticamente é bandido que cai nas garras da polícia, ironicamente são estes que mais usam deste direito, porque infelizmente para ser o mínimo justa, a Lei deve ser comum. Mas não é estranho que o indivíduo que mais desrespeita determinada lei seja invariavelmente amparado pela mesma? Também tenho ojeriza de Direitos Humanos, porque sei que ela está aí, regula, e estará pronta para justiçar a meu favor acaso eu sofra qualquer atentado, mas ela não estará aí quando acaso eu estiver sofrendo o atentado, e o meu algoz sorverá de todos os benefícios da lei. Este argumento poderá levantar uma provável tese de que renego todas as leis, já que visto a capacidade humana para o mal e a desobediência, nenhuma regula, e sim, efetivamente coage à pena pós-fato consumado. Mas é que tenho uma leve tendência à reciprocidade, mas infelizmente, ainda que fosse de comum senso entre a sociedade, seria um grande desafio para o campo jurídico praticar tal segmento. Como aplicar pena igual à aflição produzida pelo réu à vítima?
O caso dos Denunciantes Invejosos ¹. Somado às minhas convicções morais e éticas, este caso, complexo, exposto no curso de Direito, me fez duvidar se quero mesmo seguir essa carreira. Observando os colegas em um júri simulado, percebi que alguns brilhantemente incorporaram fatalmente o caso, e observei principalmente a convicção daqueles que faziam a defesa, utilizaram repetidamente da palavra Lei, tanto em seu sentido estrito como léxico. Como integrante do júri, votei pela condenação dos réus e expus minha tese, mesmo que brevemente, pois a mim não são necessários longos discursos para qualificar minhas convicções. O homem ao longo das eras lapida a Ética, a partir da Ética cria o Direito, e ao longo das eras o homem desvirtua o Direito da Ética e o presta a Letra. O Direito segue os preceitos da Lei, e concomitantemente segue os preceitos da Moral e Ética. Mas em nenhum momento, tanto da defesa quanto da acusação, ouvi menção disto. Falou-se sobre respeito à Lei, à Constituição estatutária e até mesmo sobre sentimento de compaixão, mas não de Moral e Ética. Defendeu-se o medo de um regime autoritário, a obediência às leis vigentes. Como defender ações de valor moral execrável apoiando-se nesses argumentos? Devo eu condenar um cidadão injustamente apenas porque a legislação me chantageia, corrompe ou ordena? Devo eu defender um assassino confesso e de culpabilidade inegável? Se as respostas forem sim, não presto para o Direito. Lei é letra, e letra é mutável, Moral e Ética é lógica, e não se dá ao desfrute. Eu sou a liberdade, e nenhum sistema me tomará disto, e nenhuma chantagem, corrupção, ameaça ou medo me fará desistir da fé em mim mesmo ². Posso usar de vários argumentos infalíveis para absolver um carrasco, mas nunca mentirei para mim, e agradeço a impossibilidade de tal ensejo.
A sensibilidade para o mal se perdeu com a expectativa do capítulo intrigante da novela das oito. A sociedade acostumou a esquecer as notícias de abusos e aflições relatadas nos telejornais noturnos logo que surge o galã na chamada da novela. Sites de conteúdo fúnebre, que divulgam cenas de torturas, assassinatos e execuções sumárias são vistos por jovens com torpor. O índice de violência contra mulheres e crianças é assustadoramente crescente. Há quem diga: “peraí, desde sempre mulheres são mortas ou agredidas pelos homens, em certos países faz até parte da cultura, por exemplo na Índia”. Mas retruco dizendo que essa “cultura” nunca foi apoiada pela Ética, e sim pelas leis, e atualmente nem as leis apóiam tais atrocidades. Essa necessidade de poder sobre o outro, de domínio, de imposição de vontades, é sim, um mal. Atuar como se eu tivesse direito sobre a vontade do outro e até mesmo sobre sua vida deve no mínimo render o direito à precedência, dando direito a outrem para que aja sobre mim de mesma forma. O recente caso “Eloá” serve como luva à minha tese, - pois findado, e com fracasso o caso, nenhuma outra serventia terá senão para estudos e estatística – como reservar o direito à vida a um delinqüente que oferece desde a primeira hora do incidente risco iminente aos reféns? Um policial dito comandante perdeu a LIBERDADE de ação por MEDO da reação popular quanto a um possível abatimento de um criminoso, um policial experiente, que junto a seus subordinados, recebem um salário incompatível com função que exercem, e que para treinarem e se capacitarem para atuar em casos semelhantes precisam pagar do próprio bolso tais treinamentos porque o estado é negligente, o mesmo estado que tanto orgulhamos ao dizer que somos NÓS. O criminoso atira contra vários cidadãos na rua, diante câmeras e fuzis da polícia, e ainda assim é um pobre coitado de coração partido. Já ouvi falar de muitos que foram executados pela polícia por menos. Dá próxima vez que eu tomar um pé na bunda sairei atirando ao léu, gritando “é nóis”, enrolado pela bandeira do cruzeiro. E pode até ser sarcasmo de minha parte solicitar isto, mas depois do fatídico incidente com esse cidadão Lindemberg, alguns outros cidadãos de direito pleno resolveram copiar. Seria epidemia de pés na bunda e machos contrariados ou a mídia explorando a oportunidade? Esta resposta não tenho, não tenho respostas para muitas das minhas perguntas, mas é certo que sei que sempre questionarei qualquer ato ou fato que EU julgue errado.
O mal cada dia mais maligno, o que pode parecer estranho é possível, todos temos um desejo, tanto para a bondade quanto para maldade. Desejamos abrir o portão para que o poodle da vizinha fuja e se perca na rua, para que nunca mais nos acorde com seus latidos na madrugada. Desejamos dar uns trocados para o garoto do sinal mas ele irá comprar cola com o dinheiro, então... Mas também não queremos que a filha da vizinha chore a perda do bichinho querido, mas eu não sei que a menina espanca o pobre e finge que gosta dele, e não sei, mas o garoto do farol vai apanhar do padrasto por chegar em casa sem os trocados que daríamos. Acredito que o bem e o mal se balanceiam, e por eu ser individualista, não vejo porque praticar mais a um ou outro, ou sequer os dois. Sei que posso ser bondoso, mas não aceito a recompensa que tantos se orgulham por isso, pois, como se orgulhar por ser bondoso enquanto renega o orgulho de alguém que se julga mal. Sei que posso ser mal, mas não desejo algo que não suportaria a mim mesmo. E pela minha aversão à maldade, pode parecer que sou defensor radical da bondade, mas a questão maldade ainda é mais impactante que a bondade, a razão de sua relevância. Em outro argumento tratarei do assunto, e também que um ato de bondade pode não ser tão bom assim. Enfim, recuso a compaixão ou ódio alheio, porque sou capaz de criar meu próprio azar, pois a Ética não é a verdade, e sim equilíbrio, e posso até evitar o orgulho, mas tenho como grande prazer a racionalidade.
¹ O caso do Denunciantes Invejosos. DIMOULIS, Dimitri – 2005. Ed. Revista dos Tribunais.
Original da edição The Morality Law, p. 245 a 253. Lon L. Fuller. 1969. Yale University Press.
² V for Vendetta. WACHOWSKI, The Brothers. MacTEIGUE, James. Vertigo/DC comics. 2005. Warner Bros Pictures.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O capitalismo não poupa ninguém - Gilberto P. Reis

O capitalismo não poupa ninguém

Neste inicio de século, confesso que esperava por uma grande guerra internacional, ou uma avalancha de catástrofes naturais, ou até mesmo pelo fim-do-mundo nostradâmico. Mas não uma crise de proporção como a que nos anunciam.
A minha primeira crise fora em minha adolescência, melhor dizendo, a primeira crise econômica que vivenciei racionalmente. A crise asiática. A época se torna aparentemente distante devido ao furor econômico que se seguiu, com o notável crescimento econômico refletido no aumento de postos de trabalho, e conseqüentemente, no poder de compra e PIB nacional. E embora eu tenha sofrido com a inflação na era cruzado→cruzeiro-novo; principalmente pelo estresse diário de minha mãe, promovido pelo salário que nunca chegava a 2ª semana do mês; ainda não sabia que dois mais dois na economia não eram quatro, ou seja, justamente pela minha idade, consciência político-econômica zero.
A crise asiática, assim como a atual e a recessão de 20, economicamente dizendo, resumem no seguinte: Deus no céu, CEO´s na Terra. Estes alto-executivos decidem pelo o que fazer com o dinheiro alheio de forma escusa, e pouquíssimas vezes são fiscalizados pelos Poderes elegidos por nós. E quando a casa cai, ou, desculpem o trocadilho, quebra, estes mesmos elegidos decidem, por nós, tomar por empréstimo o “nosso dinheiro” para tapar buracos, a receber não sei quando. E resigno-me quanto a isto, pois sem devidas atitudes, o buraco de hoje virá a ser cratera amanhã. Muitas fortunas esvaem numa crise desta proporção, muitos se vêem à beira da falência, mas é fantasiar demais dizer que alguns deles chegaram à pobreza. Quem sofre agruras é a mãe de família, o porteiro do prédio, a atendente do banco, a gerente da padaria, em suma, quem trabalha. Integrity Bank, Merril Linch, entre outros, que antes ditavam as regras e diziam aonde e em quem deveriam os especuladores investir seu rico dinheiro, estes mesmos que não se condoíam ao classificar o Brasil país com grau elevadíssimo de risco para investimento, eles sabiam o que falavam, e o faziam, eles sabem tudo, agora, doravante, na lona. Já ouvia de minha avó: primeiro ordene sua casa. É a hipocrisia do mercado. Quer algo mais hipócrita que o Capitalismo? O Socialismo, o Comunismo, o Stalinismo, o Maoísmo, o...
É chocante assistir a imagens como a de funcionários do Lehman Brothers carregando suas caixas de papelão marrom pela rua, e os otimistas ainda proferem que outros cairão. Trabalhar num grande banco, ter um cargo administrativo inferior com remuneração de U$70.000,00 anuais não era de todo ruim. Ficar desempregado não é um grande problema, não conseguir uma recolocação sim. Aproximadamente 4.000 candidatos a nenhuma vaga prevista. Isso é crise, o desemprego, pois é no trabalho que o Homem encontra a dignidade, e talvez até a exerça.
Ainda não sentimos o toque desta crise, um pouco pela estabilidade dos últimos anos, um pouco pela lógica econômica: tarda, mas não falha. Se as medidas de contenção demoram a surtir efeito, os efeitos de uma crise demoram ainda mais. Lendo a coluna do ex-CEO do BC Gustavo Franco fico impressionado com sua tese de que não passa de mera especulação esse alarde de recessão americana e até mesmo mundial, com minhas palavras, diz ele, que o barco já deveria ter afundado. Ele não deve se lembrar que a recessão americana de 20/30 no século passado durou aproximadamente 5 anos, e não fora como a rosa de Hiroshima, de efeito imediato. Portanto, ao contrário de dizer, assim como um presidente que muda o discurso, para não nos preocuparmos com uma proveniente crise, acho melhor nos mantermos de esguelha para evitar surpresas. Nada de pânico, lógico. Mas o seguro morre de velho e carrega consigo todas as suas economias. Mas quem sou para contradizer um economista e um presidente? Fala-se em criar uma comissão internacional permanente para fiscalizar e identificar possíveis situações de risco no mercado internacional. Idéia do Meirelles. Desde quando o Brasil dá palpite no mercado internacional? Desde quando sabemos de alguma coisa a respeito. Me diga qual instituição deixará de investir em papéis de risco, são altamente lucrativos, e mercado é isso, arriscar. No jogo, ganhar é sorte, perder é conseqüência, eficiência é acaso.
O que sei de economia é: tudo que sobe desce. Se deixar o registro do gás aberto, com certeza o hélio fará o balão subir, mas quanto mais cheio maior a chance do balão estourar. E se alguém ainda acha que “não temos nada com isso, é burrice daqueles americanos, eles que se virem”, digo que até teríamos razão, se estivéssemos em 1930. Mas como estamos fazendo economias ansiosos para adquirir o tão esperado IPhone, que por aqui chega monopolizado, segregado de nós, os usuários pré-pagantes, e com um preço risível. Digo: temos tudo com isso!
E sorriam diante às notícias nos jornais. Impérios caem, e o Sol não está nem aí, cumpre suas 12 horas e se manda. É assim e até não sei quando: é preciso o sacrifício da lagarta para o refestelar da borboleta.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O poder do voto

O poder do voto
por Gilberto Paixão Reis

Já fui um entusiasta quanto a exercer o direito (?) de votar, mas assim como “já fui” já foi, tratar como direito o sufrágio também não procede, pois mesmo que não sejamos obrigados a votar em alguém, devido o artifício dos ‘brancos e nulos’, o que não é facultativo está mais para dever, ou obrigação propriamente dito. Mas que seja obrigatório. Antes uns e outros omissos, a deixar que poucos coloquem suas ambições à frente da maioria, ou alguém ainda acha, que os parlamentares que brigam pela lei do voto facultativo estão mesmo preocupados com o descanso nosso do enfadonho domingo de outubro? Bom, e digo também que obrigatório de fato não é, porque sendo lei sem coerção contundente, logo não surte efeito. Mas para a cultura nacional, até que esta questão de votar por medo de restrições funciona. Eu não voto, pronto, falei. Tenho outras formas mais interessantes de atuar minha civilidade. E antes a redução da maioridade penal que a “desobrigação” do voto.
E qual o porquê desta atitude? É que cansei de políticos e politicagem, alguns diriam: “mas nem todos são corruptos, imorais”, blábláblá. Eu estou completamente radical quanto a isso, para mim, todos são farinha do mesmo saco. Tomei uma antipatia sem precedentes por qualquer candidato a qual cargo for. Mas estive do outro lado, certa vez me candidatei e me elegeram vice-diretor de uma escola estadual na cidade de Mariana – MG, na qual eu lecionava biologia, os demais candidatos, com eram tradicionais na instituição, fizeram e suaram para embargar a posse, devido regulamentos que não vem ao caso, e apesar do deferimento da SRE, conseguiram, pois eu desisti de trabalhar em meio de tanta mediocridade. O diretor da época, se estiver lá, provavelmente está comendo o pão que o diabo amassou, o mesmo que queria dividir comigo. Um amigo certa vez me convidou para candidatar a vereador – “para preencher a chapa”-. Agora outro amigo é candidato a vice-prefeito em minha cidade natal, me pediu apoio, até ofereço meu apoio, moral, mas exijo o controle de uma secretaria insignificante qualquer. Na política é assim, toma lá dá cá. Mas como meu apoio de pouco a nada vale e não despenderei tempo e dinheiro para me deslocar até lá, posso esquecer a secretaria. E já falei que as chances da chapa dele são mínimas? Então registrem.
Mas vamos às críticas diretas. Até me agrada assistir o horário eleitoral gratuito, é tanta gente ridícula, despreparada e mal-intencionada que eu até acabo por sentir-me bem por ser eu mesmo. Dispondo de jargões, “jingles”, e slogans de causar náuseas, sofríveis, que qualquer estudante mediano de marketing ou publicidade se contorce ao assistir, os candidatos usam de uma criatividade de chorar e rir . E pelamordedeus, esse papo furado de jovens candidatos que a juventude, as novas idéias e afins que resolverão já cansaram, não colam mais, a juventude atual já deixou a desejar há muito. A maioria destes jovens são os primeiros a se corromperem. Os partidos de extrema esquerda, com suas idéias revolucionárias e milagrosas não passam de bicho-papão para adultos. É greve aqui, paralisação acolá. Meu negócio é trabalho, se bem remunerado, eu quero é serviço no lombo, principalmente no alheio. Pensam eles que dinheiro dá em árvores e que podem fazer e acontecer sem levar a economia à bancarrota. Temos políticos que não podem mas pensam que podem e políticos que podem mas não fazem, em suma. Em Belo Horizonte, se alguns candidatos tiverem a certeza do que podem e não podem, com o andar da carruagem, a eleição para prefeito ainda vai dar o que falar. Mas em se tratando de política, os palhaços sempre estão na arquibancada, então deixe o circo pegar fogo.
E falam e falam da democracia que envolve as eleições, mas eu não observo esta mesma democracia no horário político. O único fato relevante que observo é que: o partido que tem mais dinheiro e tradição tem mais tempo para discursar. A bem da verdade estou longe de saber quais são os critérios utilizados na distribuição do tempo entre os candidatos, e pouco me interessa, mas de qualquer forma, seguem uma norma ou lei, que para mim tende a não ser clara, se é clara não é justa, e se é justa decerto não me convencerá. Um dos candidatos da capital mineira está bufando por ter sido excluído de debates dos principais meios de comunicação. E digo: com razão. Para a mídia, político fraco é igual a filme do Godard, não dá ibope. E se der, só se for devido a um quebra-pau, o que raramente acontece atualmente. A mídia oculta a verdade em maioria das situações. “Candidato fulano de tal não comparece ao debate”. Mentira. O sujeito não foi convidado, decerto barrado, no mínimo. E tento imaginar de onde vem inspiração para apelidos e pseudônimos tão toscos, que favorecem quadrinhas tão toscas quanto. A utilização de melodias e músicas de celebridades do momento, favorece bandas e artistas sem futuro com jingles e suas letras bizarras. Se não me engano, plágio é tão crime quanto pirataria. Cadê o Ecad? Um sujeito que não tem menor noção de lei ou a ignora, não será escolhido por mim para criar novas. Amiguinhos de jogatinas, projetos particulares, politicagens já há muito esquecidos, agora se engalfinham no horário nobre. Todos os dias, vejo notícias de candidatos envolvidos com tráfico de drogas -as mesmas que prometem combater-, pedofilia e sedução de menores, corrupção e calote. Sabiam que o irmão, e também suspeito, daquele plantador de feijão que mandou assassinar fiscais do Ministério do Trabalho acabou sendo eleito prefeito de sua cidade? Sabiam mas esquecerem, não se preocupem, acontece. Pois é, esses sequazes sempre ganham eleições, e sempre esquecemos os podres deles. É por isso que amo o povo, a civilidade, a cidadania. Já ouvi de partidários divergentes se atracarem e um destes acabando por ser assassinado. Pior do que brigar por política, é brigar por futebol. Deus me livre! Eu até que gostaria de ser político, o troco é bom, o trabalho é pouco. Mas não suporto aparecer. E pior, não tenho apelido, e meu nome não serve para quadrinhas. Um colunista aqui de BH, em sua coluna num diário marrom, demonstrou que seu nome lhe renderia um bom slogan: B... por b... vote no Eduardo Costa.
Mas meu nome nem pra isso me serviu. Amém. Mas pensando bem, que tal: contra a corrupção, vote Gilberto Paixão. Credo! Que tosco! Nem eu acredito nesse slogan. Não terá jeito mesmo. Amém.
Ao ler este texto, alguém dirá que sou: um crítico radical, neoliberal, reacionário talvez, ignorante, ranzinza, até mesmo anti-social. Não sou nada disso completamente, talvez um pouco de algum destes, confiem. Mas confesso que ando estressado ultimamente, tão estressado, que acabaria por espancar uma urna eletrônica, simplesmente por ela emitir aquele sonoro irritante do botão CONFIRMA.


PS: como já disse, não votarei nesta eleição, não sei na próxima, mas não sigam meu exemplo, vão e votem, por mim, exijam seus direitos cívicos – e juro que não estou escarnecendo neste pós-, só façam esse grande favor para um cidadão que trabalha e estuda durante toda a semana, e que não está nem um pouco afim de pegar fila para simplesmente anular voto. .