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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

[Do lat. Indulgente.] – segundo tom

Tanto sonhei, que quis que a realidade se acabasse
Tanto chorei, que quis que meus olhos secassem
Tanto apanhei que quis ser valente

Tanto esperei, que quis que o tempo parasse
Tanto andei, que quis que o mundo findasse
Tanto tremi, que quis ser contundente

Tanto gritei, que quis que minha voz calasse
Tanto ouvi, que quis que a dor cessasse
Tanto de tudo, que quis nem corpo nem mente

Nesse querer nada adiantou ser eu mesmo
Nesse querer nada resolveu ser outros
Tanto quis que esse querer é tormento

Querer.
Querer isso querer aquilo
Querer a infância das mãos dadas
Querer a maturidade das façanhas
Querer o campo verde todo o ano
Querer o céu azul todo fim de semana

Eu quero...
Eu quero não querer a loucura
Eu quero não querer a solidão
Eu quero não querer a cegueira da bravura
Eu quero não querer compaixão
Eu quero não querer que...

Tanto quis que esqueci de viver.

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