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sábado, 2 de agosto de 2008

A TERRA DOS SAPOS FALANTES, ELEFANTES VOADORES E RATOS ARROGANTES

Na terra da fantasia, onde não há pecado, o rei dorme tranqüilo...

O que fiz para merecer estar aqui? Pelo desejo do Mestre fui enviado para este mundo, onde não interfiro, apenas coleto o máximo para o conhecimento de meus pares. Esta raça antropofágica. Decadentes são. E para viver aqui incorporei a humanidade em meus tecidos. Aproveitei de algum comum para passar desapercebido em meio a tantos interesses vãos. Mas o abduzido fui eu. Há tempos vivo neste mundo, e não posso voltar, saudades não sinto de onde vim, porque sentimentos frágeis minha raça não sente desde a revolução, desde a vinda do Mestre. Mas aqui, neste corpo, sinto todos os sentimentos desvalidos para a minha raça. Saudades, dor, medo, ódio, amor. Aqui matam, enganam, suicidam, brigam, violentam, se drogam, se tocam. E agora faço parte disto. Sangro, bebo, odeio, e amo. Crio laços com qualquer animal, característica fundamental para a sustentação da humanidade. E se eles soubessem que neste mundo eu não posso morrer? Que quando estes tecidos que carrego definharem, o Mestre providenciará outro após outro? Até que sua vontade seja feita e eu seja finalmente enviado para o aspecto vazio. Pois simplesmente neste mundo ninguém sabe quando poderá morrer, essa imprecisão que me incomoda, não saber quanto tempo tens para cumprir metas. Esse mestre que aqui chamam de Deus, que muitos veneram, age estranhamente sobre seus protegidos, se é que posso chamá-lo de protetor. O Mestre recusou a detalhar sobre Deus antes de me enviar, assim eu não poderia interferir no que rege os mundos sapientes, a fé. Esse Deus, que não explica nada, que não se mostra, que deixa seus “filhos” ao léu, com promessas de um mundo que ninguém sabe se realmente existe, e deixa o caos tomar seu mundo... Em Andiar, eu sei quando morreria, assim como deve ser, e acaso quisesse, poderia consultar o Mestre para viver mais, até efetuar as metas, ou mesmo pela própria vontade do mestre. Mas existe uma complexidade circunstancial nesses casos. Todos têm metas em Andiar, e somos criados para realizá-las, ninguém é criado ao acaso, o que aparentemente neste mundo acontece. Bilhões de animais sem metas, egoístas. Que procriam exageradamente, sem respeito à essência. E sob o olhar complacente de Deus. E nada se aprende neste mundo, não se conhecem, não conhece o outro, e por vezes acabam por se vincularem ao que chamam de inimigo, sofrendo conseqüências de grande agravo, sendo levados pelo que chamam de: coração, conotação abstrata para compaixão, sentimento abstrato, lógico. Poucas coisas são concretas neste mundo, e vivem apenas porque absorvem do que chamam de esperança, fantasiam. Mas o que esperar de um mundo onde se consideram o outro inimigo por qual causa for? Já experimentei diversas sensações, mentir foi uma delas, já que as conseqüências destas mentiras poderiam ser desastrosas, e de fato algumas foram. Causei, um desconforto emocional ao interlocutor, aparentemente danoso, e a mim um desconforto psicofísico sem precedentes. Outras experiências, no que diz respeito à relação social e física entre humanos, experimentei. Frustração sobre frustração. Observei todos os pragmatismos humanos, unicamente, meu desinteresse. A solidão e a insegurança dos humanos os levam a cobiçar situações de singular discordância com a personalidade destes, desvio de conduta natural, social e cultural. Imaginam eles que o diferente sinonimiza satisfação e até mesmo felicidade. Eu, que sou o mais diferente dos humanos, posso garantir que a felicidade não existe. Principalmente neste mundo. Ser comum é satisfatório, diferenças criam discórdia, é ideal a luz, a energia sempre branda e monocromática. Digo que ainda conservam coisas ideais, que aos poucos se perdem, a proveito do inútil. Mas posso arbitrar que, outros mundos, nada empregariam deste, por se tratar de coisa pouca.
Desculpe-me mestre, prometo que este será meu último nesse teor, os próximos serão exatamente técnicos e necessários, mas releve se eu não cumprir minha promessa, ou até mesmo minhas metas, o que se pode esperar de um humano?

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