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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Poemas e poesias e prosas e...

TINHOSA – Gilberto P Reis

Que queres tu?
Senão desgraçar-me a razão
Tornar-me um bêbado em dias de novena
Profanar o púlpito de minh’alma?

Que fazes tu?
Senão condenar-me ao lânguido martírio.
Caminhar-me ao lodo viscoso
Por puro prazer profano.

Que pensas tu?
Que deixarei cair-me em desgraças?
E ser levado ao dorso de Argali?
Engana-se, sou anixo, mas virtuoso às escusas.

Então bruxa mandingueira,
minha´alma não carregas.
Menos meu coração.
Menos meu perdão.

CONTA O PONTO... – Gilberto P Reis

[Todos querem...
Partindo do princípio de qualquer conto
Em que todo ponto marca o fim
-E que o fim é o começo-
De qualquer história
Mas não marca pontos necessários
Para que haja encontros
Enquanto se perdem e perdem Tickets de desconto.
Bilhetes de cinema para historiar calmantes
Sobre o começo da vida e o fim do amor
Das lições e missões sucedidas e das relações marginais
Fim de mês e do sal contas muitas e do colar
Que contava a historia da avó e avô
E agora pagam as contas do penhor
Sendo o penhasco remédio de um comprimido só
Muitas vezes já curou a dor
De desconhecidos de muitas histórias que o livro
Ocultou nas páginas em branco, e arrancadas
Para fazer calor.
E eu não sei seu conto
Por acaso ias...?
... Contar.]


LEI PARA TODOS OS HOMENS – Gilberto P Reis

Cada rua que eu subo e desço; mensurável.
Como que cada dia andasse mais pelo mesmo caminho.
O caminho se torna maior e fatigoso.
O mesmo imensurável.
Ou eu não percebo possível causa; menso.

Causa incógnita de ser; mensual.
E por caminhar o mesmo caminho.
Afim de sustentar; mens legis.
Mênstruo; para matérias pertinentes
Que ao acaso possa me ser valente.

Visto esses dias fatigantes.

Mentado; serei por pouco e poucos.
Em lápide barata sobre terra intumescida
Denunciando cova pobre.
Tumeficado; Já estou há muito...




O gato – Gilberto P Reis

Boa-noite! Digo ao espelho
Vem a hora do descanso
A tinta secou
A pena gastou
E sendo assim os sonhos não voam mais

O papel branco na mesa
Revela onde estou
Os meus desejos carnais

Sabe-se que Marias e Marias
Partem e vão nem sempre sós
Há sempre outros Joãos
João que me tomou Maria
Me presenteou a solidão
E não é por Maria
Por que Maria tem muita
É por causa do gato

O felino que esquentava meus pés
Aos pés da escrivaninha
De madeira compensada
O bicho não era meu
Era de Maria
Tanto que nem lembro o nome do bicho
Assim como Maria não se chama Maria
E quem a levou não se chama João
Mas o gato foi levado e
Era branco como o papel sobre a escrivaninha.

Papel
Que limpa a boca gordurosa
Que orna sanitários
Que aceita obscenidades
Que suga água e óleo
Que seca os dedos glutões
Sempre branco
O branco merece o sujo

Era estranho e belo
Maria acariciando o gato
Carregava pra lá e cá
Amava o bicho
Me odiou no final
Eu não tinha ciúmes do gato
Entende?

Maria era gentil
Com o gato com João
Comigo não
Mas eu tinha pena
Papel, tinta, e gato
A raiva de Maria era que no papel branco
Eu escrevia Maria rainha eu era rei
No papel branco.



CAMAFEU – Gilberto P Reis

A grande pedra que carrego estava sob meu passo
E guardei em meu bolso
Enrolada em papel de sonhos gravados com caneta esferográfica
Em noite insônifera
E tende-me a tombar de lado pelo bolso cansado.

Carrego a pedra pra peso de papel
Para o papel de sonhos
Sonhos são ironias que ainda não aconteceram
Que aguardo como um camafeu.
Minha morte é ironia.

Ironia não dar meu nome ao seu filho que não é meu
Não dançar valsa em bodas de vossa senhoria
Velar-me sem seu desespero de viúva precoce.

Quão insano estou
E eu canto
Recanto pra afogar memórias
Maltratá-las como maltrata os ciúmes
Crime meu do mundo do criador do mundo.

E mensuro a pedra e parto em duas
Pra equilibrar meus lados enquanto caminho
[em chão pavimentado.
Em minha casa, solitário, servirão de peso de papel
E pesará meu sonho.

Sem copyright

2 comentários:

José Oliveira Cipriano disse...

Oi, Gilberto!
Seu blog é muito versátil! Gostei muito! Você tem um estilo bem descontraído, mas profundo! Desejo-lhe muita luz para sua inspiração!
Um grande abraço,

Oliveira

José Oliveira Cipriano disse...

Oi, Gilberto!
Por que você não colocou o item comentário em cada texto publicado?
Seria mais interessante comentá-los individualmente. São textos muito bons, merecem ser comentados. Refaça-os para que seus visitantes se sintam mais à vontade! Como já disse antes, repito agora: seu blog é muito maneiro (versátil)!!!!!
Um grande abraço,

Oliveira