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segunda-feira, 31 de março de 2008

INFÂNCIA - Gilberto P Reis

INFÂNCIA

Lembro de quando eu era cedo acordado por mamãe
Eu que nasci cansado, como dizia ela, tinha todo o ânimo da vida para acordar cedo nesses dias.
Era quando ela me literalmente me carregava para a fazenda, um tanto longe, uma légua e meia, talvez. Eu que era menino novo, bastava reclamar os pés doendo e ela me montava cavalinho.
Nos dias de frio, íamos abraçados, aquecendo um ao outro.
E saíamos no fim da madrugada, quando a maioria do mundo ainda não havia acordado, e até mesmo poucos galos.
Por vezes tínhamos a lua para iluminar a estrada, e minha mãe contava estórias da roça, de quando ela era menina e até mesmo de mula-sem-cabeça e saci, o que me metia medo a cada balançar de árvores e piado de coruja.
A lua dava um tom de felicidade àquela face, geralmente serena ou mesmo carranca.
Por anos eu a acompanhei, crescendo fui, então só ia nos dias de férias da escola...

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