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segunda-feira, 31 de março de 2008

Transe - Gilberto P Reis

TRANSE

Eu não careço de tantas coisas que achei que carecia.
E eu não obtive nem a metade das coisas que ansiei.
Não vivo mais escravo do desejo, dos sonhos.
A que perdi minha conquista?
Na poeira dos sonhos nebulosos se fuera.

Derramando como deserto entre os dedos,
caindo pesado como cometas kamikazes,
sangrando o chão onde piso.

Queimando toda a vida que havia ao meu redor,
meus olhos não brilham mais,
olhos em preto e branco,
não choram.

Mas queimam, estalam.

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