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segunda-feira, 31 de março de 2008

TABIQUE - Gilberto P Reis

TABIQUE

Não te amo como se fosses rosa de sal,
topázio ou seta de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas escusas,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Amo-te como a planta que não floriu
e tem dentro de si, escondida,
a luz das flores e,
graças ao esse amor,
vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde, amo-te amiúde.Amo-te diretamente
sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira, a não ser deste modo
em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os meus olhos se fecham com seu sono.

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