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terça-feira, 4 de março de 2008

[Do lat. Amore] - Gilberto P Reis

[Do lat. amore.]

Amor: abstrato substantivo.
Mas vamos ao que me interessa. Tanto falei, tanto ouvi , e ainda não sei o que é realmente. Então presumo assim, como presumem os filósofos e astrólogos: amor é uma empada de camarão e coca-cola.
Fulana é uma senhora, usarei do termo assim mesmo, que sofre de velhice. Vive há 83 anos. Fora um exemplo de amor incondicional de mãe, fora. Hoje quase não anda, e imotivada, quase não sai da cama, pouco fala. E sofrendo dos malefícios – ou por que não belezas – da velhice, não ama mais seu filho, este mesmo que abdicou de sua vida para cuidar do que resta da dela. E ela: não o ama mais, simplesmente porque não se lembra quem ele é. Ele não é seu filho, vez e outra a previnem para o contrário (mas é esforço desnecessário, sem valia). Não ama a mais sequer seus três cachorros, devido suas faculdades mentais. Não, não ama a mais ninguém.
Mas não é este o assunto.

(Nenhum amor é eterno. Confiem.)
Amor à primeira vista. 1. Amor súbito, ao primeiro encontro.

Amor carnal. 1. O que busca a satisfação sexual; amor físico.

Amor físico. 1. Amor carnal.

Amor livre. 1. O que repudia a consagração religiosa ou legal, representada pelo casamento.

Amor platônico. 1. Ligação amorosa sem aproximação sexual.

De mil amores. 1. Bras. De todo o gosto; com o maior prazer; com prazer.

Fazer amor. 1. Ter relações sexuais; copular.

Pelo amor de Deus. 1. Por caridade; por compaixão.

Por amor à arte. 1. Desinteressadamente, gratuitamente.

Um amor. Fam. 1. Pessoa ou coisa muito linda; um amoreco, um sonho, uma graça, um encanto, uma coisa, um doce, um doce-de-coco, um negócio, um troço, uma uva.

Amor é uma empada de camarão e coca-cola, alguns minutos de prazer, fugaz. O amor é fugaz.
Acaba quando a beleza acaba, quando o tesão acaba, quando o tempo demora acabar.
Amor com tempo torna-se costume, não há como negar. E o permanecer, a resignação, são justificados pelo medo, pela insegurança. Pior sem amor, muito pior com o nada.

Mas volto à empada de camarão e coca-cola.

Isso é amor que conheço, amor de verdade, curto, mas real, concreto. Úmido e quente, refrescante e gaseificado. Para o gozo da língua, do corpo, do ego. O gosto.
Mas logo; deglutido, digerido e absorvido; o amor é consumido, acaba. E acionada a descarga sanitária – decerto não era aquilo o que eu amara – se esvai, e vai, sem remorsos, o amor.
Custo total do amor: R$ 3,50 na Irmãos Empada.

2 comentários:

José Oliveira Cipriano disse...

Oi!!!! É, talvez o amor não passe disso: um pastel de camarão com coca-cola. Gostei muito de seu texto.
Acima de tudo o mor é fugaz, com certeza!!!! Parabéns!!!!!
Um abraço em seu coração,

Oliveira

Carolina de Castro disse...

Para alguem formado em gastrônomia,
a comparação de amor com empada é bem substancial.
Mas mesmo ele custando 3,50,
eu ainda quero a empada.
Se ela tiver azeitona... Melhor ainda, bom que compro o mesmo depois que terminar!!
=P
Beijos