[Do lat. amore.]
Amor: abstrato substantivo.
Mas vamos ao que me interessa. Tanto falei, tanto ouvi , e ainda não sei o que é realmente. Então presumo assim, como presumem os filósofos e astrólogos: amor é uma empada de camarão e coca-cola.
Fulana é uma senhora, usarei do termo assim mesmo, que sofre de velhice. Vive há 83 anos. Fora um exemplo de amor incondicional de mãe, fora. Hoje quase não anda, e imotivada, quase não sai da cama, pouco fala. E sofrendo dos malefícios – ou por que não belezas – da velhice, não ama mais seu filho, este mesmo que abdicou de sua vida para cuidar do que resta da dela. E ela: não o ama mais, simplesmente porque não se lembra quem ele é. Ele não é seu filho, vez e outra a previnem para o contrário (mas é esforço desnecessário, sem valia). Não ama a mais sequer seus três cachorros, devido suas faculdades mentais. Não, não ama a mais ninguém.
Mas não é este o assunto.
(Nenhum amor é eterno. Confiem.)
Amor à primeira vista. 1. Amor súbito, ao primeiro encontro.
Amor carnal. 1. O que busca a satisfação sexual; amor físico.
Amor físico. 1. Amor carnal.
Amor livre. 1. O que repudia a consagração religiosa ou legal, representada pelo casamento.
Amor platônico. 1. Ligação amorosa sem aproximação sexual.
De mil amores. 1. Bras. De todo o gosto; com o maior prazer; com prazer.
Fazer amor. 1. Ter relações sexuais; copular.
Pelo amor de Deus. 1. Por caridade; por compaixão.
Por amor à arte. 1. Desinteressadamente, gratuitamente.
Um amor. Fam. 1. Pessoa ou coisa muito linda; um amoreco, um sonho, uma graça, um encanto, uma coisa, um doce, um doce-de-coco, um negócio, um troço, uma uva.
Amor é uma empada de camarão e coca-cola, alguns minutos de prazer, fugaz. O amor é fugaz.
Acaba quando a beleza acaba, quando o tesão acaba, quando o tempo demora acabar.
Amor com tempo torna-se costume, não há como negar. E o permanecer, a resignação, são justificados pelo medo, pela insegurança. Pior sem amor, muito pior com o nada.
Mas volto à empada de camarão e coca-cola.
Isso é amor que conheço, amor de verdade, curto, mas real, concreto. Úmido e quente, refrescante e gaseificado. Para o gozo da língua, do corpo, do ego. O gosto.
Mas logo; deglutido, digerido e absorvido; o amor é consumido, acaba. E acionada a descarga sanitária – decerto não era aquilo o que eu amara – se esvai, e vai, sem remorsos, o amor.
Custo total do amor: R$ 3,50 na Irmãos Empada.
2 comentários:
Oi!!!! É, talvez o amor não passe disso: um pastel de camarão com coca-cola. Gostei muito de seu texto.
Acima de tudo o mor é fugaz, com certeza!!!! Parabéns!!!!!
Um abraço em seu coração,
Oliveira
Para alguem formado em gastrônomia,
a comparação de amor com empada é bem substancial.
Mas mesmo ele custando 3,50,
eu ainda quero a empada.
Se ela tiver azeitona... Melhor ainda, bom que compro o mesmo depois que terminar!!
=P
Beijos
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